Dragon's Kingdom
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Tempo

Dia: 20

Mês: Agosto

Ano: 1706

Clima: Claro / Lua Cheia

Temperatura: 31º - 14º

Previsão: Mar agitado.

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Mensagem por Aahron N. Golwenvaethor Sáb Jan 12, 2013 11:16 pm



RP #001

Esta é uma RP fechada, que acontece no pavilhão de treinos do Castelo de Albion, no dia catorze de agosto de 1706, por volta das quatro horas e meia da tarde.

James treina seus socos em bonecos de madeira, recém-chegado de uma campanha militar ainda em andamento. O próprio monarca não sabe a cargo de que retornou, mas deixa explícito seu estado emocional pífio por meio de suas expressões. E, afinal, quem melhor do que Caesar para ajudar o jovem Rei num momento de crise?
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Mensagem por Aahron N. Golwenvaethor Sáb Jan 12, 2013 11:22 pm


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Post #001 ♦ Caesar L. Branford ♦ Pavilhão de Treinos

A vida já não era a mesma. Eu não mais podia brincar de desferir golpes naqueles seres estofados de madeira com os punhos apertados, fingindo que aqueles eram os inimigos do meu reino. Não mais podia usar a espada de madeira para atingir árvores, imaginando bestas terríveis e gigantes desejando minha morte. Não mais podia atirar flechas de pontas de borracha como se viver fosse só uma brincadeira de criança. Eu havia crescido, e, infelizmente, a vida já não era a mesma.

Atingi o estofado bege com outro soco, fazendo a madeira que o segurava no lugar ranger de sofrimento. Jab, jab, jab, cruzado. Jab, jab, jab, cotovelada. Observei o boneco vibrar em seu lugar, parando após alguns instantes, como se nada tivesse acontecido. Suspirei. Aquele momento era mais do que um simples treino, ou uma pausa entre campanhas. Eu precisava de relaxar, precisava de conselhos. Meu chamado para Caesar havia sido mais do que um pedido usual, e ele sabia disso. Aquele maldito tinha uma incrível capacidade de ler minha mente e me entender, e quando eu o convoquei ele logo percebeu o apelo que eu transmitia. Felizmente, ele sabia disfarçar quando me lia, porque era de seu conhecimento meu desconforto quando ele visivelmente lia meus pensamentos. Passei dois dedos sobre a testa, removendo algumas gotas de suor que teimavam sob o sol morno de fim de tarde.

Enquanto voltava a atacar o boneco de treinos, mergulhei, mesmo contra minha vontade, em um mar de memórias. Meu cérebro deixara de ser meu aliado havia algum tempo, pois, pelo visto, minha própria mente apreciava me ferir com lembranças de um passado distante e perfeito. A vida já não era mais a mesma. A última campanha, da qual eu havia acabado de sair, tinha sido exaustiva e longa, e, além de tudo, levantara algumas dúvidas. Os turyans haviam se instalado em Hallen, numa faixa perto da fronteira com Etherya, e esse movimento foi, provavelmente, uma das maiores reviravoltas militares da guerra até aquele momento. A questão é que em nenhum momento vi tropas humanas combatendo os turyans, o que significava que eles estavam ali com consentimento. Catherine não respondera minhas cartas. Até quando os humanos seriam leais? Pelo visto, já jogavam para os dois lados. Não me posicionara no passado, quando firmaram acordos comerciais com o povo de Gehenna, mas pelo visto a relação entre os dois já caminhava para algo mais profundo. Turyans em Hallen... Quem diria?

O fato era que eu não sabia porque voltara. Eu era o Rei, e meu exército ainda estava nas fronteiras, duelando contra as bestas. Enquanto isso, eu me encontrava no conforto do meu castelo, comendo bem e dormindo no macio. Nunca foi de meu feitio abandonar uma luta em andamento, mas já haviam se passado dois anos desde que eu estivera ali, em Wivern. Eu me sentia um estranho em minha própria casa, e um invasor dentro de minha família. Por sorte, nenhuma dessas sensações me impedia de governar o reino que amava.

Eu mentia para mim mesmo, porém, quando afirmava que as saudades de casa eram os únicos motivos de meu retorno. E, mais uma vez, mentia quando dizia que havia retornado pelos conselhos de Caesar. O verdadeiro e principal motivo de meu regresso era a saudade, mas não de algo, e sim de alguém. Suspirei profundamente, parando os golpes e fechando os olhos, concentrando em minha respiração. Como sempre, eu tinha de lembrar dela.

Abruptamente, meu processo de auto-censura foi interrompido pelo som de cascos ecoando, poderosos, na terra. Ergui meu olhar para a floresta adiante e sorri, discretamente, enquanto sentia o alívio percorrer-me. Finalmente, minha espera havia acabado, e eu poderia, mais uma vez, mentir não só para mim, mas para o meu melhor amigo.

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Mensagem por Caesar L. Branford Sáb Jan 12, 2013 11:24 pm


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Post #001 ♦ James Källin Albion ♦ Pavilhão de Treinos

A natureza é um misto de energias. Há a perfeição, o caos, a alegria e o terror, tudo imerso no mesmo mar de harmonia etérea e intocável. Infelizmente, aquela paz plena e frágil vinha sendo testada por aqueles cujas ambições superam a razão e o bom senso.

Numia, havia muito, fervia em um turbilhão de opiniões e discussões. Ninfas, centauros, sátiros, todos debatiam vivamente sobre o que deveriam ou não fazer. Aquela terra, por muito tempo, foi intocada, mas agora a ação das raças externas e suas guerras podres vinha quebrando a concordância daquele lugar. A neutralidade de Numia havia sido abalada, e eu me via impotente naquela situação.

Demorei algum tempo para chegar à Wivern. Atravessei um portal no coração de Numia para sair num posto próximo à capital de Etherya, mas, ainda assim, tive de percorrer uma certa caminhada. "Mando uma carroça buscar-lhe", sugeria James. Como eu poderia me sentir confortável assistindo ao trabalho e ao esforço de um semelhante? Recusava, preferindo ir só.

Após alguns minutos de trote rápido, atravessei a breve floresta Awake, que circundava o castelo dos Albion, e pude enxergar James, socando seus bonecos como lhe era de costume. Pulei o pequeno morro que separava as árvores do pavilhão mais abaixo, e, no ar, transfigurei-me, tomando a fisionomia humana. Pousei no chão com facilidade, absorvendo o impacto nos joelhos e me erguendo com naturalidade.

Sorri para o Rei dos wäzurys. Aquele bastardo era o meu melhor amigo e, apesar de muito mais novo, ainda conseguia me ensinar algumas lições. Mesmo assim, o professor daquela amizade era eu, e por isso James insistira em me fornecer um cargo como Conselheiro Real. Não tive a oportunidade de negar, e por isso eu era pago em algumas moedas de ouro, que ficavam depositadas no banco de Wivern. Eram muitas moedas, eu calculava, devido ao alto salário e ao tempo de conselhos, mas eu nunca havia retirado um zânio sequer daquela conta. Dinheiro era coisa dos homens, e eu vivia confortavelmente em minha floresta, em minha Numia.

- Já faz algum tempo que você não aparece. - Constatei, me aproximando de James.

Observei o sorriso que cortou a expressão daquele rapaz. Minha experiência de anos e anos de vida me permitiu traduzir aquela expressão em muitas coisas; saudades, amistosidade, gentileza, tristeza, melancolia e distração. Mas, nenhuma dessas traduções seria tão acurada quanto alívio. James provavelmente não sorria havia um bom tempo, e seu corpo todo denunciava aquilo. Achava ele que eu não conseguia ler o que se passava por sua mente, que bem mascarava suas emoções. Tolo, assim como todo gaiano.

Abracei-o com firmeza e vivacidade, e pude sentir a alegria do Rei. Não era alegria por me ver; isto era só uma fração daquele sentimento. A felicidade maior de James, naquele momento, era possuir um amigo, alguém com quem pudesse compartilhar seus pensamentos, livre de qualquer burocracia comportamental da nobreza. Ele era um mero bastardo quando conversava comigo e, mesmo sem perceber, era isso que o fazia feliz.

Olhamo-nos por alguns instantes, ele tentando disfarçar o seu estado emocional deplorável, e eu tentando não sorrir de seu ato orgulhoso. Pus as mãos nos bolsos das calças criadas com magia, os olhos fixos nos dele.

- Pode começar. - Sugeri, sorrindo amistosamente.


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Mensagem por Aahron N. Golwenvaethor Dom Jan 13, 2013 3:46 am


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Post #002 ♦ Caesar L. Branford ♦ Pavilhão de Treinos

Sorri largamente ao vê-lo. Um sorriso natural, espontâneo, uma expressão facial que, admito, havia algum tempo que não se manisfestava em minha face. Aquele maldito era um ótimo amigo, e era reconfortante saber que eu possuía alguém em quem confiar.

Como sempre, Caesar tinha de entrar causando impacto. Pulou e transfigurou-se no ar, abandonando a forma de centauro e gerando pernas humanas, as quais usou para pousar. Aquele velho tinha trezentos anos e, mesmo assim, não conseguia aparecer de forma madura.

- Já faz algum tempo que você não aparece. - Disse ele, afirmando o óbvio.

Ri brevemente antes de abraçá-lo com firmeza. Acabadas as boas vindas, o olhei nos olhos, e pude ver que ele me lia. Como sempre. O bastardo parecia ter prazer em cavar minha mente através dos meus olhos e descobrir cada filete de emoção que constituía meu éter. "Pura empatia", ele dizia, tentando justificar sua habilidade.

- Acho que você sabe que não voltei para Wivern buscando seus conselhos. - Suspirei, voltando a dar socos no estofado, agora em golpes metódicos, lentos. - Ou melhor, não exclusivamente.

Após uma breve sequência de socos, dei alguns pulos para aquecer o corpo e chamei Henry, um jovem rapaz que trabalhava no castelo. Era filho de Helen, uma senhora que trabalhava à algum tempo para minha família, e tinha por volta de dezesseis anos.

- Você tem uma espada, rapaz? - Perguntei, fitando-os nos olhos.

- Não, senhor. - Disse ele, curioso.

- Pois compre uma. - Concluí, atirando-lhe um pequeno saco com moedas de ouro que eu havia guardado no bolso do calção, a única veste que eu trajava. - Ensinarei-lhe a lutar.

Assim que o jovem foi embora, sorridente, caminhei até uma pequena mesa que havia ali perto, chamando Caesar com o polegar. Me sentei, voltado para a floreta mais à frente, de lado para a mesa.

- Não sei o que fazer. - Admiti, sem olhar nos olhos de meu ouvinte. - Eu quero vê-la. Eu preciso vê-la. - Suspirei.

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Mensagem por Caesar L. Branford Dom Jan 13, 2013 9:05 pm


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Post #002 ♦ James Källin Albion ♦ Pavilhão de Treinos

Apenas assenti, observando James usar os punhos para desferir golpes no boneco estofado de treinos. Caminhei lentamente, sem rumo, pelo local, observando a paisagem enquanto o ouvia. Como sempre, ele demonstrava sua generosidade dando dinheiro aos rapazes e moças do castelo, investindo em suas carreiras. Sorri de canto, me sentando na mesa que me fora indicada, enquanto o observava.

James nunca foi muito direto em suas emoções. Assim como o pai, agia por impulso no que tangia ao amor, e pensava demais quando o assunto era a guerra. Por infortúnio, James não teve a mesma sorte que o pai teve ao se apaixonar por uma camponesa; naquela relação, não haviam limites. Emily, por outro lado, era uma membra da nobreza, e prometido ao seu irmão, William. Não havia futuro na relação arranjada, mas o Rei e a Duquesa demonstravam um sentimento pleno um pelo outro. James nunca admitira que era amor, tampouco negara, mas rótulos não importavam para o jovem.

Peguei uma maçã e analisei-a; vermelha, atrativa, como todos os alimentos daquele lugar. Mordisquei um pedaço enquanto o fitava, ouvindo suas palavras.

- Não sei o que fazer. - Admitiu ele, os olhos perdidos no horizonte. - Eu quero vê-la. Eu preciso vê-la.

Percebi então que a situação era drástica. As saudades de Emily poderiam ser facilmente cessadas com alguns beijos, no passado, mas recentemente a situação do Rei havia se deteriorado. As guerras que vira, os problemas com a família e a ausência de um amigo verdadeiro provavelmente tinham causado grande estrago nos últimos anos. James era um Rei sem defeitos, e o povo o amava, mas sua vida pessoal não era tão plena quantos seus atos na guerra.

- O amor não é algo fácil de se lidar, James. - Observei, desferindo outra mordida na maçã. - Você deve descobrir qual lhe importa mais; moral ou prazer.

Dando mais mordidas na maçã, observei enquanto o jovem Rei refletia, logo voltando a atenção novamente à natureza ao redor.

- Nunca fui um professor no amor, mas tenho experiência suficiente para dizer que é impossível acertar. Você é jovem, James, tem o direito de errar. O problema é que você é Rei, então deve errar em segredo. No amor, você vai sorrir, vai se sentir muito bem, mas também sentirá seu mundo acabar. - Ponderei. - O ambiente do qual você faz parte, todavia, não se importa com sentimentos e sim com poder. Emily é prometida de seu irmão, e essa união representaria a união entre sua família e os Raven. Cancelar essa união poderia causar alguma discórdia, e tomar a mulher de seu próprio irmão poderia piorar a situação ainda mais.

Suspirei.

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Mensagem por Aahron N. Golwenvaethor Qua Jan 16, 2013 1:41 am


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Post #003 ♦ Caesar L. Branford ♦ Pavilhão de Treinos

"Você deve descobrir qual lhe importa mais; moral ou prazer". "O problema é que você é Rei, então deve errar em segredo". Um sorriso se brotou em meus lábios ao ouvir as palavras de Caesar. Aquele maldito sabia do que falava, e eu só precisei de duas frases para descobrir o que eu queria, e o que eu faria.

Ninguém precisava saber de minha relação com Emily. Ela estava prometida à William, e era certo que o matrimônio dos dois não duraria ou mesmo chegaria a acontecer. Se realmente ocorresse, era bem provável que William encontrasse diversas concubinas e não as conseguisse manter em segredo. Emily pediria o divórcio. E, quando isso se desse, eu poderia esperar alguns anos antes de pedir a mão da loira que havia me conquistado. Até lá, nada me impedia de encontrar-me com ela secretamente. Moral e prazer estariam salvos, e eu continuaria sendo feliz.

- Caesar, acho que já sei o que fazer. - Sorrindo, me ergui, caminhando até uma outra mesa que jazia ali perto. Sobre esta, repousava meu arco. O peguei e então, no lugar onde estava, passei a atirar flechas nas cabeças dos bonecos. - Vou esperar até o casamento dos dois. Enquanto isso, me encontrarei com ela em segredo. Esse casamento não vai durar, Caesar, e ela logo poderá ser minha.

Ri alto, imaginando a cena, atirando mais e mais flechas.

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